Hoje estou aqui para dar continuidade a série de posts comecei no blog para divulgar profissionais criativos aqui de Governador Valadares/MG, para os mais íntimos, GV City, minha terra natal. Eu percebi que aqui temos um galera muito bacana produzindo conteúdo interessante que muitas vezes quase ninguém daqui mesmo não conhece… e talvez deve até estar contratando de outra cidade. Por esse motivo abri esse espaço aqui no blog. E para a entrevista de hoje temos o João Marcos, um profissional que eu já estava querendo falar sobre ele há muito tempo! #agorafoi
Eu conheci o João Marcos em um evento do Jazz, falei desse evento aqui, e já fiquei fã logo de cara. Além de talentosíssimo, ele é uma simpatia em pessoa que vocês não fazem ideia. Juro! Devíamos fazer cópias dele e espalhar pelo mundo!! Pena que a entrevista não foi em formato de vídeo, e só em texto, porque vocês iam ‘sentir’ melhor o que estou falando. Quando eu começar a gravar vídeos eu faço uma entrevista parte 2 com ele, ok? Enquanto isso, confira as respostas dele e torne-se fã também:
M.de.I – Apresente-se:
R = Meu nome é João Marcos Parreira Mendonça, tenho 41 anos e trabalho como professor na Universidade Vale do Rio Doce no curso Arquitetura e Urbanismo e na Mauricio de Sousa Produções como roteirista. Também atuo como chargista no jornal Diário do Aço de Ipatinga, MG e como autor de livros em quadrinhos para crianças. Sou casado com a Simone e temos dois filhos: Ana de 8 anos e Pedro, de 2. Eu brinco que meu nome é Marquinho, o apelido é João Marcos, mas as pessoas me chamam de João.
M.de.I – Qual sua formação?
R = Sou formado em Artes Visuais (licenciatura) pela escola de Belas Artes da UFMG, onde também fiz o mestrado nessa mesma área (Artes Visuais) com pesquisa na área de quadrinhos, arte e ensino. Também fiz uma especialização em Metodologia do Ensino na Univale
M.de.I – Quando e por que começou? Conte sua trajetória…
Minha relação com as histórias em quadrinhos começou antes de eu nascer. Quando minha mãe ficou grávida de mim, meu pai começou a montar uma coleção de revistas em quadrinhos para o filho que viria a nascer. Quando isso aconteceu, eu já tinha uma coleção de revistas da Turma da Mônica me esperando, mesmo sem ainda saber ler.
Nessa época, minha mãe pintava desenhos em roupas para crianças e eu ficava durante horas do lado dela, vendo os desenhos e pinturas lindas que ela fazia. Acho que foi causa disso, mais as revistas que o meu pai comprava, que eu passei a gostar tanto de desenhar e ler histórias em quadrinhos.
Quando aprendi a ler, eu comecei a fazer minhas próprias revistas em quadrinhos. Inventava personagens e fazia muitas, muitas revistas. Como era tímido, só mostrava para os meus pais, que gostavam e me incentivavam a fazer mais.
Aos 14 anos, uma tia descobriu que o jornal da cidade onde nasci e morava na época (Ipatinga – MG) estava precisando de um desenhista. Era o jornal Diário do Aço. Eu juntei os desenhos que fazia e levei ao jornal pra me candidatar a essa vaga. Pra minha alegria, fui selecionado e comecei a trabalhar no dia seguinte, fazendo as charges diárias (que são desenhos de humor que falam sobre política e vários assuntos) além de outras ilustrações para o jornal. Isso foi em 1989. Foi uma felicidade saber que eu poderia trabalhar fazendo o que eu gostava tanto: desenhar. Trabalho até hoje para o jornal como chargista, o que é uma alegria enorme e um trabalho que gosto muito de fazer.
Um tempo depois, realizei o sonho de publicar tiras em quadrinhos nesse jornal. Os personagens eram o Mendelévio e a Telúria, que foram inspirados na relação com as minhas irmãs na infância. O Mendelévio, na verdade, sou eu. Já a Telúria, é a uma mistura das minhas duas irmãs.
Quando terminei o ensino médio, me mudei para Belo Horizonte e fui fazer o curso de Belas Artes, na Universidade Federal de Minas Gerais. Era um sonho poder estudar arte, até porque na escola eu nunca tinha tido essa matéria. Queria muito melhorar o meu desenho e realizar o sonho de fazer livros em quadrinhos para crianças.
Nessa época, as histórias do Mendelévio e da Telúria começaram a ser publicadas no jornal Hoje em Dia de Belo Horizonte, num caderno voltado para crianças chamado Programinha. Isso foi em 1995. O mais legal é que, pela primeira vez, eu passei a ter um retorno sobre o meu trabalho por parte da leitores. Eu recebia várias cartas dizendo que gostavam das histórias e muitas delas com sugestões para novas histórias. Elas foram publicadas durante 14 anos no jornal.
Em 2001 e 2003 publiquei duas coletâneas de tiras com Mendelévio e Telúria. Eram publicações independentes e eu contei com a ajuda preciosa de um estúdio de amigos quadrinistas de Belo Horizonte que me ajudaram na viabilização dos livros. Eu vendia em escolas, palestras e em eventos de quadrinhos, sem falar da família e amigos que sempre deram muita foça e compravam os exemplares também.
Em 2009, eu realizei um dos meus sonhos que era a publicação do meu primeiro livro para crianças por uma editora: O Mundo Mendelévio e o Planeta Telúria. O livro foi publicado pela editora Lê e, pra minha alegria, foi um sucesso. Logo depois veio o segundo com os personagens: Histórias Tão Pequenas de Nós Dois, que é um dos meus livros favoritos.
Depois do meu primeiro livro para crianças, eu fiz mais uma porção deles. Atualmente, são 10 no total. Por causa desse trabalho, pude viajar e conhecer vários lugares e muitas crianças pelo país afora. Uma das coisas mais legais desse trabalho é conhecer pessoalmente os leitores dos livros.
Também em 2009, foi realizado um sonho na minha vida que parecia impossível e distante: eu comecei a trabalhar com o Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, fazendo parte da equipe de roteiristas, que são as pessoas que escrevem as histórias que são publicadas nas revistas da Turminha. O Mauricio sempre foi a minha maior referência profissional e tem sido um presente de Deus poder trabalhar com ele. Tenho aprendido muito e é uma alegria poder fazer histórias dos personagens que eu lia desde quando era criança.
Além do meu trabalho com os livros para crianças e as histórias da Turma da Mônica eu também sou professor de Arte na Universidade Vale do Rio Doce, a Univale, em Governador Valadares, no curso de Arquitetura e Urbanismo. Minha vida profissional é inventar histórias, desenhos e estimular outras pessoas a fazerem o mesmo. E claro, incentivar outras crianças a viajarem nas histórias das revistas e livros em quadrinhos.
M.de.I – Quais sãos os projetos atuais?
Atualmente eu continuo trabalhando na produção de roteiros para as revistas da Turma da Mônica e também na produção do segundo livro da série “Meu primeiro quadrinho” da editora A Semente, que é do grupo Lê. O primeiro livro da coleção foi o “Amarra o meu cadarço?”, com os personagens Mendelévio e Telúria pequenos, para crianças até 5 anos.
Esse livro foi um grata surpresa e tem me dado muitas alegrias. Tenho tido um retorno muito legal dos pais a respeito da reação das crianças com a história. No ano passado ele foi um dos livros selecionados para fazer parte do Kit Literário da prefeitura de Belo Horizonte e vai ser distribuído em toda a rede pública da cidade para as crianças da educação infantil.
M.de.I – Quais sãos suas referências/inspirações?
Quem trabalha com quadrinhos tem que ler de tudo: literatura, jornais, revistas e até quadrinhos. Tudo isso me inspira muito. Como escrevo para crianças, tenho uma atenção especial ao que é voltado para elas, seja em qualquer área (quadrinhos, literatura, cinema, desenhos animados, etc). Procuro acompanhar também o que é publicado fora do país, pra ver como os autores conversam através de suas obras com esse público lá fora.
E entre os autores, os que mais inspiram são o Mauricio de Sousa, Carl Barks (criador e autor das histórias do Tio Patinhas, da Disney), Bill Watterson (criador do Calvin e Haroldo) Osamu Tezuka (autor japonês de quadrinhos e desenhos animados japoneses – os mangás e animes), Tute (autor de quadrinhos e cartuns argentino), Goscinny e Uderzo (criadores do personagem Asterix), entre muitos outros, que provavelmente vou lembrar só depois da entrevista, rs!
Entre os ilustradores, gosto muito dos que trabalham com referências visuais e o estilo mais voltados para a cultura popular: Jô Oliveira, Marilda Castanha, J. Borges, Fabio Sombra, André Neves e muitos outros.
M.de.I – Que dica você dá para quem está começando?
Ler bastante de tudo um pouco e muita prática. Isso ajuda muito na construção de um estilo pessoal e na evolução do trabalho. E, como qualquer área de criação artística que a gente escolha para trabalhar, muita perseverança, paciência e fé em Deus que, um dia, as coisas podem acontecer.
M.de.I – Onde te encontramos:
Nos meus livros, que estão nas livrarias físicas e virtuais.
Nas revistas da Turma da Mônica, que saem todos os meses nas bancas.
Já nas redes sociais, estou somente no Facebook https://www.facebook.com/joaomarcos.parreiramendonca
O meu blog está temporariamente desativado, porque pretendo ter em breve um site que concentre melhor as informações sobre o meu trabalho.
Então é isso pessoal! Fala a verdade se tem como não virar fã? E sem contar que a cidade está muito chique né… com um profissional tão gabaritado e ainda trabalha para o Maurício de Souza. #top
Espero que tenham gostado de conhecer o trabalho do João Marcos, e em breve mais entrevistas para vocês.
Um abraço,
AnaP.*
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